" Ora, a nosso Deus e Pai seja dada glória pelos séculos dos séculos. Amém. "
(Filipenses 4:17)
João 8: 1- 11
Cenário: Um templo de Jerusalém, numa manhã movimentada, onde Jesus ensinava. Chegam mestres religiosos e fariseus com uma mulher adúltera pega em flagrante. Uma multidão acompanha ansiosamente o desfecho; ou vai ter apedrejamento ou esse mestre Jesus é permissivo demais. Alguns minutos de silêncio e vem a sentença para a mulher: "Vai e não peque mais!" Nada, nada sobre seu pecado, nem uma advertência sobre sua vestimenta, nem um olhar de censura, nenhuma pergunta constrangedora com segundas intenções, nada! Só o gracioso som do mestre: "Eu também não te condeno. Vai e não peque mais".
Inverter a lógica da graça e querer condenar quem supostamente peca mais em quantidade ou em gravidade é uma característica humana. Foi assim com os fariseus diante de Jesus, foi assim com a igreja cristã, na tradição católica, ao criar os sete pecados capitais; é assim hoje em dia quando tratamos das ofensas dos outros a Deus. O pecado do vizinho me parece mais negro, mais prejudicial para a comunidade cristã, mais digno de uma pedrada e, consequentemente, menos digno do amor de Cristo.
Em Cristo Jesus a lógica humana de merecimento vai por água abaixo, não existe quem deva ser apedrejado ou quem deva apedrejar por ser mais ou menos pecador. Somos todos carentes do amor de Deus que nos sentencia com a Graça. A sentença de Cristo nivela toda a humanidade por igual, e se somos cristãos é porque todos nós, um dia, ouvimos e acatamos: "Eu também não te condeno. Vai e não peque mais". E precisamos continuar a ouvir a graciosa sentença. O fato de a sentença ter sido pronunciada dentro de um templo é significativo se pensarmos que a comunidade cristã deve ser o ponto de partida para seguir adiante depois de confessarmos os nossos pecados.
É o que devemos continuar a ouvir uns dos outros. É o que devemos pronunciar uns aos outros: "Eu também não te condeno. Vai e não peque mais".
Laércio Miranda é professor do departamento infantil CREAR e professor de história